terça-feira, 12 de julho de 2011

Paris é uma Festa - Ernest Hemingway

Estava eu na Livraria da Travessa sexta-feira passada, passeando com os olhos por todos aqueles livros quando me dei de cara com este aqui, “Paris é uma Festa”, de Ernest Hemingway. Eu que vi o filme “Meia Noite em Paris” duas vezes (e veria a terceira, a quarta, a quinta...) não resisti e tive que comprar o livro. Por quê? Bom, veja o filme, ou leia meu post (ver o filme é melhor!) e você saberá do que estou falando.

“Paris é uma Festa” é um relato, às vezes até um pouco jornalístico, de como era a Paris dos anos 20, e principalmente, como era a vida naquela época para escritores como Hemingway. É muito duro acreditar que tanto Hemingway quanto outros escritores, hoje mundialmente famosos, na época chegavam a passar fome e penavam para conseguir publicar seus contos. Fico imaginando como seria se eles tivessem à disposição toda esta facilidade que temos hoje de disseminação de informação (vide este próprio blog!). Será que passariam fome? Será que alcançariam a admiração e o sucesso de forma mais rápida? Ou será que parte de todo este reconhecimento que eles têm hoje é fruto de suas histórias de vida, de terem sido verdadeiros no que faziam e não terem se prostituído pelos caminhos mais fáceis?

Através de pequenos capítulos, Hemingway em seu livro vai pincelando sua vida nos anos 20, com relatos da sua rotina como escritor, das tardes e noites em cafés, bebericando enquanto escrevia ou conversava com amigos, alguns completamente desconhecidos na época (e muito conhecidos atualmente). Algumas histórias são engraçadíssimas, outras escandalosas, outras trágicas, e algumas até românticas, como por exemplo, os relatos da relação de Hemingway e sua primeira esposa, Hadley. Todavia, o que reina no livro é um clima saudosista, gostoso e envolvente, que nos enfeitiça e vai nos revelando um mundo artístico e intelectual porém simples, só possível naquela época e naquele lugar, Paris.

Porém, o mais interessante neste livro é o que está por trás dele. Eu explico. Hemingway o escreveu por volta dos seus 60 anos, após já ter recebido todo o reconhecimento por sua obra, inclusive um prêmio Nobel de literatura. Em 1961, época que este livro estava sendo revisto pelo próprio Hemingway, ele se suicidou com um tiro na boca. O livro foi publicado postumamente, e diferentemente de todos seus outros livros, este mostra um Hemingway sentimental, emotivo e saudoso. Lendo um pouco sua biografia, descobri que toda a sua família sofria de uma doença mental que induzia ao suicídio, tanto que seu pai, uma irmã e um irmão também se suicidaram. Entretanto, eu fico a me perguntar até que ponto este livro, que tenho em mãos, influenciou ou não o escritor nesta decisão tão dolorosa de acabar com a própria vida. Será que as lembranças de um passado, pobre e difícil, porém rico em idealismo e felicidade, e a constatação de um presente onde tudo já fora conquistado fez Hemingway desejar tanto voltar no tempo que, diante da impossibilidade disto, desejou sua própria morte? E a última pergunta, que não quer calar: Será que Woody Allen se inspirou nisso para escrever seu último filme “Meia Noite em Paris”? (se um dia eu tiver 5 minutos com Woody, eu juro que faço a pergunta).

Me resta agora ler outros livros de Hemingway para conhecer um pouco mais desse escritor famoso por sua literatura dura e econômica nas palavras (o que não encontramos em nenhuma parte deste livro tema do post). Mas antes, vocês encontrarão aqui um post sobre outro livrinho encontrado na Travessa, o qual também comprei completamente influenciada pelo filme de Woody Allen. Farei suspense e não direi o nome. Aguardem!!!

2 comentários:

  1. Carol, um livro do Hemingway q eu recomendo é "O velho e o mar" (The old man and the Sea). Como vc disse acima, o livro e bem curto, da pra ler em dois dias. Aqui conta um pouco sobre ele: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Old_Man_and_the_Sea

    Bjossss

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  2. Mano, to querendo muito ler esse livro! JP disse que tem e vai me emprestar. É uma ótima dica!
    bjinhos

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