quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A Cidade do Sol - Khaled Hosseini


Toda vez que termino de ler um livro, tenho a sensação de que muitos e muitos anos se passaram bem na minha frente, em um piscar de olhos. Como um baú de recordações, o livro guarda ali personagens e historias que mexeram comigo, e que já fazem parte do meu passado. É como se eu tivesse vivido uma vida paralela, muito mais intensa que a real. Uma vida que teve início, meio e fim muito bem claros. Uma vida curta, que durou dias, no máximo semanas. Mas que eu verdadeiramente vivi.

Às vezes é difícil dar uma pausa nesta vida paralela para cumprir com as obrigações da vida real. E esta dificuldade torna-se quase uma impossibilidade se o drama paralelo nos envolve e nos prende. O escritor que consegue elaborar um drama assim constrói uma prisão às avessas: não entramos nela porque somos obrigados, mas sim porque queremos. Chegando lá, não queremos sair. Não queremos comer. Não queremos ver os amigos. E quando o tempo de reclusão acaba, é triste ir embora e deixar para trás aquelas grades que de certa forma não serviam para nada. Vamos embora não porque elas foram abertas, mas sim porque temos que ir.

Mas algo diferente acontece quando eu leio Khaled Hosseini. E, na minha opinião, é este o grande trunfo do escritor. Ele nos prende de uma forma diferente, como uma grande cobra que chega perto de mansinho e quando menos se espera, ela se enrola por toda a vítima. No início, parece mais um abraço forte, apertado. Se formos românticos, podemos até dizer que este abraço pode ser confundido com amor demais, e cuidado de menos. Mas aos poucos, a cobra vai apertando mais, e nosso corpo vai sendo destroçado de forma lenta e suave. No fim, sem percebermos direito, não nos sobra nada. Fomos engolidos, completamente devorados.

O livro conta a história de Mariam e Laila, duas mulheres afegãs que se encontram durante suas vidas e se tornam tão fundamentais uma para a outra que nada, nem um país inteiro poderia destruir o que foi construído entre elas, e principalmente, o que estava enraizado nos seus corações. Tratadas como lixo por uma sociedade de um extremismo inimaginável para as nossas cabeças ocidentais, essas duas mulheres conseguem manter-se vivas, mesmo quando a morte é o único caminho.

É difícil falar sobre o livro e não lhes contar mais do que devo. Mas vou me conter. “A Cidade do Sol” é um livro que deve ser lido e sofrido por todos. E se você não leu ainda, não se esqueça quando for ler do seguinte: apesar de ser ficção, o livro é a história infeliz e real de muitas e muitas mulheres que viveram sob o regime talibã, e que suportaram todos os capítulos deste livro de uma forma que a humanidade inteira ainda não conseguiu entender. Eu lhe prometo, você vai sentir a cobra destroçando os seus ossos. E no final, só lhe restará uma dúvida: como elas, todas elas, conseguiram?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Casa do Saber - Lagoa



Muitos de vocês devem conhecer a Casa do Saber, que fica na Lagoa. Isso, aquele prédio bonitinho com sempre um monte de cursos disponíveis para todos os gostos. Já fez algum dos cursos? Então, eu nunca tinha feito. Até que uns dois meses atrás, resolvi me embrenhar em um curso de literatura. Influência do blog, com certeza. Mas o fato é que achei o título do curso magnífico: "Ritmos do Rio em prosa e verso". Ou seja, aulas inteirinhas sobre tudo o que já foi escrito ou cantado sobre o Rio de Janeiro. Como se não bastasse, o curso também tinha um viés de oficina de escrita, onde os alunos poderiam trazer os seus textos e lê-los na sala de aula. Confesso que este negócio de ter "platéia" me deixou um pouco tensa, mas não hesitei. Me matriculei e aguardei ansiosa pela primeira aula.

E a primeira aula foi maravilhosa. Me encantei. Pelo lugar, pelas pessoas, pelo professor, por tudo. E me encantei mais ainda pelo meu Rio amado. Descobri fatos e historias do Rio que eu nem imaginava existirem. Passei a amá-lo mais. A desejá-lo mais. E claro, com o coração amolecido pelo sentimento, quis escrever algo sobre o Rio, que eu pudesse levar na aula seguinte.

Mas eu só quis. Como é difícil escrever sobre o que gostamos! Como é difícil expressar com as palavras aquilo que o coração sente! E eu não pude fazê-lo. Simplesmente não pude, não consegui, não tive capacidade. Com o dia da aula chegando, e o desespero batendo na porta, eu tive que correr para o plano B. E o plano B era escrever sobre São Paulo. E aí você me pergunta: "por que é mais fácil falar de São Paulo?". E eu te respondo: "porque é muito mais fácil fazer uma crítica do que um elogio". É claro que o texto sobre São Paulo fluiu que nem água. E eu nem precisei ser tão criativa, bastou usar alguns fatos que tinham acontecido justamente no dia anterior, e pronto, saiu um texto quentinho e fofinho do forno. (o texto é esse logo abaixo deste post: “Um dia em São Paulo”)

Cheguei para a aula atrasada, e muito, muito ansiosa. Tão ansiosa que me esqueci de avisar ao professor que eu tinha um texto. Resultado? A aula terminou, e eu não li. Antônio, nosso mestre querido, me disse: "Carol, porque você não me falou? Leia na próxima aula, ok?". E eu voltei para casa num misto de alívio e frustração. Alívio porque existia sim, uma chance do meu texto ser medíocre, e ao invés de eu receber aplausos, eu poderia receber aqueles sorrisos amarelos que as pessoas fazem quando não querem dizer a verdade, sabe? Mas ao mesmo tempo, frustração, porque sim, eu poderia ter agradado os outros alunos e recebido palmas e elogios. Quem sabe o professor gostasse também? Seria a glória, não?

Então eu guardei o texto bem guardadinho e pensei: ok, só mais uma semaninha, não é nada. O que eu não esperava é que eu fosse ser atacada por uma inspiração que me rendeu outro texto: "A Barata". Eu simplesmente adorei o texto sobre a barata, fiz a família inteira ler, enchi meus olhos de emoção e pensei: "que texto sobre São Paulo que nada, eu vou ler na aula sobre a barata!!!".

E a terceira aula chegou. Então bem mais confiante do que na aula anterior, eu cheguei e já fui logo avisando: "tenho um texto hein!" E passei a aula inteira sonhando com o momento no qual eu me tornaria sim, por que não, uma celebridade, uma escritora de renome internacional, praticamente uma diva! E este momento chegou, sentei na cadeirinha do professor e comecei a ler. Fui lendo, fui lendo, e claro, todas aquelas expectativas loucas que eu havia criado na minha cabeça foram caindo aos poucos, letra por letra, frase por frase. Até que no último ponto final eu me toquei que o texto até tinha agradado ao público, mas não foi assim algo tão espetacular. Na verdade, não havia passado nem perto disso.

Então eu fui para casa pensando: "Ah Carol, mas você também hein. Sempre cria mais expectativas do que a realidade pode lhe proporcionar. Sempre o mesmo erro... sempre". Neste momento eu já havia decidido que não ia mais levar texto nenhum para a aula, e que eu iria guardá-los apenas para este espaço aqui, o blog, onde eu escrevo de forma anônima, sem cobranças e sem expectativas malucas.

E assim fiz, cheguei para a quarta aula de mãos abanando. O professor logo perguntou: "Cadê seu texto?". E eu respondi: "não trouxe Antônio, não trouxe...". E nessa hora eu senti certo desapontamento no rosto dele. Então passei a aula inteira num dilema terrível: leio o texto sobre São Paulo ou não leio? Seria um risco grande, eu mesma tinha gostado mais do outro, e se o outro não tinha feito o sucesso que eu imaginava, porque esse faria? E dessa vez havia um agravante muito pior, nós tínhamos convidados na aula, escritores, de sucesso, que escreviam sobre o Rio de Janeiro. E agora? Eu tinha que decidir rápido. Então antes que os outros alunos começassem a ler seus textos, e eliminando assim minha vontade de desistir caso eles viessem com textos maravilhosos, tomei coragem e falei: "Antônio, eu tenho um texto". E ele, espantado, perguntou: "Mas tem? Fez agora?". "Não Antônio, já tinha, consegui resgatar pelo blackberry".

E aí algo inusitado aconteceu. Chegou minha vez, e desta vez eu estava sem muitas expectativas. Os textos dos meus amigos de classe tinham sido de fato maravilhosos, e se eu não tivesse falado antes, provavelmente eu teria desistido. Então sentei na cadeira do professor, e de forma muito despretensiosa comecei a ler. E por ironia do destino, todas as reações que eu gostaria de ter tido com o outro texto, eu tive nesse. As pessoas riram, se entreteram, gostaram. E letra por letra, frase por frase, eu fui descobrindo que aquele texto estava melhor que o outro. No final, eu já estava rindo junto com a platéia, numa sensação de felicidade plena. Obviamente, o texto não me tornou uma celebridade, nem uma diva, muito menos uma escritora de renome internacional. Mas eu nem queria mais isso. Bastavam aqueles aplausos fortes e aqueles sorrisos sinceros. Fui para casa neste dia tão feliz que errei o caminho duas vezes. E nem fiquei chateada com isso.

A quinta e a última aula seriam sobre poemas. E aí neste quesito eu nem me arrisquei mesmo. Meus poemas são infantis, simples, imaturos. Para piorar, eu simplesmente esqueci da quinta aula e não fui. Como assim esqueceu? Pois é, todas as aulas eram às quintas-feiras, menos essa, que era numa terça. Eu e minha cabeça de vento deletamos este pequeno detalhe e pronto, perdi a aula. Que raiva. Mas tudo bem, não adiantava nada chorar pelo leite derramado. O jeito era me contentar com o ocorrido.

A última aula foi maravilhosa com vários convidados poetas, os quais eu me sinto muito honrada de ter tido a oportunidade de escutá-los recitarem seus próprios poemas. Após a aula, um choppinho no Bar Lagoa de encerramento, e a promessa de nos encontrarmos ou nos próximos cursos, ou quem sabe numa roda literária. Não posso falar pelos outros, mas lhes digo o seguinte: eu cumprirei a promessa, com certeza!

Meus agradecimentos especiais para o professor Antônio Torres, que de tão simples não transparece a primeira vista o mestre literário que é. Antônio já escreveu inúmeros livros e já ganhou inúmeros prêmios. Seus livros foram traduzidos para os quatro cantos do mundo. E mesmo com tanto sucesso, continua sendo essa pessoa doce que, mesmo o conhecendo pouco, tenho certeza que assim é desde sempre. Muito obrigada.




OBS: A Casa do Saber também disponibiliza cursos na Livraria da Travessa do Barra Shopping, e em São Paulo na Rua Dr. Mario Ferraz, no bairro de Jardins, e no shopping Cidade Jardim.

Crônica n°2 - Um dia em São Paulo

Eu ontem fui a São Paulo. Sim, a trabalho. Fácil de adivinhar, não? Me desculpem os paulistanos, mas eu só vejo dois motivos para visitar São Paulo: trabalho, ou conexão. Desta vez foi o primeiro que me fez pousar na pista curta do aeroporto de Congonhas em um dia chuvoso. Medo? Digamos que a eternidade se faz ali presente entre o momento do pouso e a constatação aliviada de que o avião está efetivamente freando. Num movimento involuntário, minhas mãos pressionam a poltrona da frente, e assim permanecem até perceberem que não há mais perigo. Logo em seguida, penso no absurdo desta minha atitude. Como querer parar o avião com as mãos? Peço desculpas ao vizinho da frente, ele não deve merecer o solavanco recebido, e sigo em frente. Afinal, cheguei em São Paulo, está na hora de engrenar a marcha rápida e pensar racionalmente.


Pego um taxi e sigo para a Faria Lima. E por um momento me lembro como é bom morar no Rio e pedir ao taxista: “pela praia, por favor”. Em São Paulo eu não faço a mínima questão de escolher o caminho, e minha única expectativa é que o dito cujo não esteja engarrafado. Pois não importa para onde você vá, com certeza a vista da janela do carro não será de praia, água de côco, bicicletas, muito menos um vôleizinho entre amigos. O caminho será cinza, sem graça, e se Deus quiser, curto.


São Paulo chega a ser engraçado de tão high business technology que tenta ser. Cada vez que chego lá, encontro uma surpresa diferente à minha espera. Desta vez foi com o elevador. Bom, digamos que a carioca aqui penou um bocado para entender que não servia entrar em um dos seis elevadores disponíveis e apertar o botão do andar desejado. Isso porque simplesmente o elevador não tinha botões. Ok, então como faço? Vai me dizer que agora é por telepatia? Enfim, quase me sentindo uma caipira na cidade grande, não tive escolha e perguntei: “Como se faz para pegar o elevador?”. E a paulista que estava ali presente me explicou que eu deveria primeiro indicar na maquineta ao lado de fora do elevador o andar desejado. Assim, ela, a maquineta, calcularia qual elevador seria o melhor indicado para o meu caso, e então eu ficaria ali a espera do meu “prometido”. Praticamente um conto de fadas, eu diria.


O resto do dia correu tranqüilo. A reunião foi ótima, o objetivo foi alcançado, e finalmente eu voltaria para o meu Rio querido. Então eu chamei o taxi, desci para a recepção e, de repente, quase como num filme de terror, um grito agudo tentou escapar da minha garganta. Mas o que saiu mesmo foi um sussurro abafado que disse: “que chuva é essa?”. É claro que Congonhas fechou, e eu me encontrei no aeroporto sem previsão para embarque, com todos os vôos anteriores ao meu já atrasados.


O que aconteceu? Eu não sei se foi o meu jeitinho carioca ou a minha feição de desespero que fez a atendente ser tomada por um sentimento de pena por mim. O fato é que meu vôo estava marcado para as 21:30h, e eu consegui, às 20:40h, fazer o check-in para o vôo das 20:00h. Então feliz e sorridente, e com a informação que os assentos seriam livres, entrei no avião e fui logo procurar uma janelinha no lado direito, que me proporcionasse a vista do litoral do Rio na chegada ao Santos Dumont.


E de fato eu teria tido uma vista linda do litoral do Rio iluminado à noite, se o avião realmente tivesse pousado no Santos Dumont. Pois adivinhem, não foi o que aconteceu. Eu já sabia que havia chovido bastante no Rio também, e que o Santos Dumont havia estado fechado por um tempo. Mas não imaginei que isto fosse obrigar o piloto a mudar, em cima da hora, a rota para o Galeão. Querem saber o pior? Meu carro estava no Santos Dumont. Então quando eu já estava sentindo o sangue subir, lembrei que o dia seguinte seria feriado. E querem saber o melhor? Um feriado exclusivo para cariocas, dia de São Sebastião, padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro. Então eu apoiei novamente minha cabeça na poltrona e comecei a fazer meus planos para o dia seguinte: bicicleta, praia, sol, choppinho e picanha no Braseiro...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Crônica n° 1 - A Barata

Era uma noite tranqüila de sexta. As ruas da zona sul do Rio molhadas pela chuva, os restaurantes com suas mesas na calçada úmida, as pessoas conversando alegremente, de papo para o ar, sem hora, sem pressa, e se pudessem, sem roupas. Sim, já que o verão este ano tem transformado o Rio em quase uma Amazônia do sul, com muito sol durante o dia, chuva forte ao cair da tarde, calor todas as 24 horas, e a rejeição quase que completa por todo e qualquer tipo de vestimenta que cubra mais que o necessário.

E claro, como uma boa carioca, lá estava eu com meu marido, um casal de amigos queridos, um restaurante na zona sul, uma mesa na calçada. Ao nosso redor, mais umas três ou quatro mesas, e muitas conversas jogadas fora. Assuntos diversos, como o calor, a novela, o big brother. Quando de repente, o pavor toma conta do ambiente. Não, não era um ataque terrorista, nem terremoto, muito menos o pessoal da Lei Seca montando posição bem em frente ao restaurante. Era ela, a danada, a temida, a nojenta, a ordinária da barata.

O problema deste inseto horroroso não é a sua presença, mas sim a sua audácia. Pois claro, não basta ela aparecer sorrateiramente entre as nossas pernas, ela gosta de subir nelas. As voadoras então adoram dar rasantes em nossa direção, como se brincassem de tiro ao alvo. Ganha a barata que acertar o maior nariz. Elas se divertem com o nosso frenesi, apavoram as mocinhas indefesas (e alguns mocinhos também, diga-se de passagem), e depois vão embora, satisfeitas, sorridentes. Eu quase consigo ouvir a gargalhada da barata que nem aquelas de bruxas más, alta e escrachada, diminuindo o volume aos poucos, como se estivesse indo embora após se embriagar com tanta diversão.

Enfim, voltando à nossa barata da noite, digamos que ela conseguiu atrair todas as atenções. Aliás, eu já ia me esquecendo, elas também adoram este lance de ter todos à sua procura, e na maioria das vezes morrem por causa disso. Morrem pela vaidade, eu diria. Pois a nossa barata era vaidosa que só. Fazia cócegas nas pernas de uma, e ai sumia. Quando os olhos relaxavam a procura, lá estava ela de novo, o tempo suficiente para que todos percebessem a sua presença. E pronto. Sumia novamente. Até que claro, uma hora ela se deu mal. O carinha da última mesa à direita, o qual todos tinham certeza que estava mais para lá de Bagdá, deu uma pisada certeira, sem dó nem piedade, sem nem um pingo de remorso.


O público aplaudiu, inclusive alguns de pé. Não porque se levantaram para aplaudir, mas sim porque já estavam prontos para correr. O carinha se sentiu um herói, fez pose para foto, e se lhe dessem uma caneta, era capaz de sair distribuindo autógrafos. Aos poucos o restaurante foi se acalmando e os assuntos de antes voltando às mesas. Quando tudo já estava quase normalizado, sai uma grávida da parte interna do restaurante, e preocupada pergunta: “A barata, já está resolvida?”. E alguém da outra mesa responde: “ah sim, ela foi fazer terapia!”. É claro que todos caíram na gargalhada. E posso lhes dizer o seguinte. Neste caso, quem riu por último, riu muito, mas muito melhor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Natal e Fernando de Noronha – Aquecendo as turbinas...

Esta foi a primeira viagem que fiz pensando no blog. E como marinheira de primeira viagem (ou primeiro post), é claro que vou esquecer muitos detalhes. Eu até levei meu diário, para anotar “tudo”. Mas quem disse que consegui? Quando se está com uma caipirinha em uma mão, um peixinho frito na outra, e um marzão na sua frente, não sobra corpo nem cabeça para o diário...coitado. Mas tudo bem, com o tempo eu vou adquirindo essa habilidade.

E para começar, nada melhor do que falar sobre o pré-viagem. Isso mesmo, distraídos de plantão, para quem quer ir a Fernando de Noronha, planejamento é caso de vida ou morte. Tudo bem, você não precisa saber exatamente quais praias vai visitar a cada dia (e nem deve!), mas pelo menos, veja a passagem aérea e a hospedagem com MUITA antecedência. Sem exageros, uns 5 meses de antecedência é o ideal. Se começar antes disso, melhor ainda. Está achando que não vai conseguir? Vou lhe dar três motivos básicos que vão acabar com esta sua preguiça:

1) Disponibilidade: Noronha é uma ilha (como todos já sabem, imagino!), com hospedagem limitada e turistas de todos os cantos do planeta querendo colocar os pezinhos por lá. Para complicar, o governo só concede o direito de abrir um negócio à população ilhéu. Traduzindo: não é todo dia que nasce por lá uma nova pousada. Ou seja, apesar de simples, as pousadinhas são caras, e se você não se planejar, não vai encontrar onde ficar. E não adianta dar uma de aventureiro (e esperto!), porque lá é proibido acampar.

2) Qualidade: É claro que quem chega por último, só ganha o osso. Se você preza a relação custo x benefício, não deixe para a última hora. Pesquise as pousadas mais indicadas (eu vou dar a minhas indicações mais tarde) e já reserve logo um quarto. Esta regra vale para todos os padrões de pousadas, das mais simples às mais abastadas.

3) Preço: Em Noronha, não existe aquela estratégia de “esperar o último minuto e aproveitar as promoções”. Lá, quanto antes você procura, mais em conta são os preços. Deixe para a última hora, e você verá como as cifras se multiplicam em proporções geométricas.

É claro que os 3 argumentos também valem para as passagens aéreas. Se deixar para os 45 do segundo tempo, vai correr o risco de não conseguir mais nenhuma poltroninha, nem na última fileira ao lado do banheiro. E se conseguir, pode preparar os bolsos, pois vem chumbo grosso.

Convenceu? Então, se você estiver planejando ir a Noronha, com uma parada antes em Natal, Recife, ou algum outro lugar, resolva antes de mais nada Noronha, e deixe para resolver o resto com mais calma.

Noronha pode ser visitada o ano todo. Mas dependendo do seu objetivo, alguns meses são mais indicados que outros. Se você quer mergulhar, a melhor época é de agosto a outubro, quando o mar de dentro (virado para a costa brasileira) está mais calmo. Se você é surfista, então chegue lá entre dezembro e fevereiro, época na qual Fernando de Noronha proporciona ondas tubulares de até 6 metros. Ok, você só pode ir em Abril? Tudo bem. Noronha também é linda em Abril, Maio, Junho, ou melhor, no ano todo. Então faça as malas (ou a mochila) e aproveite o paraíso.

Falando em malas... não esqueça de levar bastante filtro solar, óculos escuros, roupas de banho e tênis. E esqueça: o salto alto, a calça jeans e o mau humor. Porque lá em Noronha, você nem vai lembrar que estes 3 indivíduos existem.

Os próximos posts pretendem lhes mostrar um pouco do que aprendi por lá. Para seguir uma lógica cronológica, vou começar por Natal, onde passei 3 dias antes de viajar para Noronha. Eu gostei da dobradinha e por isso aconselho. Natal me surpreendeu bastante, além de ser mais perto de Noronha do que Recife.

Por último, compartilho aqui minha fonte de informações e inspiração para toda a viagem: Mr. Ricardo Freire e seus blogs Viaje na Viagem e Freires. Não apenas para Natal ou Fernando de Noronha, mas também para todo o Brasil e vários outros países, Riq (como é carinhosamente chamado pelos seus leitores) nos ensina o caminho das pedras e nos inunda com dicas super valiosas. Obrigada Riq!

(Pessoal, para não atrasar muito e deixar vocês mais um tempão "com as asas cortadas", resolvi postar logo a parte de Natal que já estava pronta. Assim que possível, eu posto Fernando de Noronha. Prometo!)

Veja os outros posts desta viagem:
- Natal – Onde se encostar
- Natal – Para os gulosos
- Natal – Pura diversão

Natal – Onde se encostar

Em Natal você tem basicamente 3 opções de regiões para se hospedar: Ponta Negra, Via Costeira e Praia do Meio.

A praia de Ponta Negra é a que possui melhor estrutura para o turista, além de ser menos povoada nos finais de semana, por ser mais longe do centro da cidade. Mas ela também está recheada de hotéis bem feios, principalmente na ponta velha da praia, perto do morro do careca. Então tome cuidado, fique em hotéis recomendados, ou então escolha um localizado na outra metade da praia, na direção da via costeira, onde o calçadão é novo e tudo parece mais arrumado.

É nesta metade nova que fica o Rifoles Praia Hotel, onde me hospedei. O hotel parece já estar sofrendo um pouco com a idade, mas atende muitíssimo bem ao que se propõe. O serviço é excelente, o quarto é espaçoso, e o café da manhã é farto. Eu consegui uma tarifa ótima pelo Hotéis.com, U$112,00 já com as taxas incluídas (transformando para reais, R$180,00).


O Rifoles...

... e sua vista.

Se você não gosta de “hotelzão”, uma pousada que me chamou muita atenção foi a Manga Rosa. Mas devo lhes dizer: ela se localiza na outra metade da praia, aquela menos arrumada. Ainda assim, a pousada é tão bonitinha e charmosa, que mais parece um oásis no meio do deserto. Com estilo rústico e de bom gosto, é uma excelente opção tanto pelo que oferece quanto pelo preço: R$130,00 o quarto frente mar.

Fachada da Pousada Manga Rosa

Seguindo pela Ponta Negra, na direção oposta ao Morro do Careca, nós temos a Via Costeira, que podia se chamar facilmente Via dos Resorts. De fato, não há mais nada lá além destas mega construções, com seus milhares de apartamentos prontos para receber você e mais meio mundo. Não cheguei a conhecer nenhum destes resorts por dentro, e por isso não posso opinar muito. Apenas dei aquela olhadinha por fora, de quem vai na garupa do buggy, levanta um pouquinho e diz: “olha os resorts!”. E eles não me pareceram má opção não. Apesar da distância (que se resolve com um taxi), eles me pareceram ideais para quem vai com crianças. E também para aqueles que querem ter a sensação de estarem em uma praia do interior, mas com uma super estrutura de apoio por trás.

Por último, seguindo pela Via Costeira, nós chegamos a Praia do Meio, que compreende tanto a própria Praia do Meio, quanto a Praia de Areia Preta, Praia dos Artistas e Praia do Forte. Quando voltei de Noronha, dormi mais uma noite em Natal, e escolhi esta região justamente para poder sentir o lugar. E a minha primeira impressão foi achar tudo muito feio. Digo, as praias são lindas, repletas de corais que formam várias piscinas naturais rasinhas, decoradas à esquerda com o Forte dos Reis Magos, que lá permanece majestosamente há mais de 500 anos. Tratando-se de beleza natural, eu achei esta região mais bonita que Ponta Negra. Mas todo o resto não. As construções são feias, a praia fica muvucada, e os hotéis são bem caidinhos (com exceção do Yak). Eu me hospedei no Marina Travel, e não recomendo. Chegamos às 18:00 e o quarto ainda não estava pronto. O café da manhã era bem fraco, e já no final da estadia descobrimos que havíamos sido presenteados com uma barata enorme (e morta - pelo menos!) no chão do quarto.

Veja os outros posts desta viagem:
- Natal e Fernando de Noronha – Aquecendo as turbinas...
- Natal – Para os gulosos
- Natal – Pura diversão

Natal – Para os gulosos

Natal não tem assim uma infinidade de opções de restaurantes, mas tem um que vale por muitos. Quase um Outback do camarão, o Camarões, com o nome mais sugestivo impossível, reina absoluto na capital potiguar. Com dois endereços na Ponta Negra, e uns 50 tipos de pratos com camarão, o Camarões atrai não somente a turistada, mas também os natalenses, que formam filas e mais filas na espera de uma mesa. Vá na filial nova (Rua Pedro Fonseca Filho, 8887, Ponta Negra) e não desanime com a fila. O lugar é tão grande que o tempo de espera não chega a incomodar. Para começar, não deixe de comer a casquinha de caranguejo. E para quem gosta de ostras, as de lá são uma delícia (cultivadas em São Miguel do Gostoso, elas têm um gosto um pouco diferente das que a gente encontra no Sul e Sudeste. Vale a pena provar). Como prato principal, minha dica é o Camarão Potiguar, que saiu do cardápio, mas continua sendo servido, agora somente para os mais bem informados: camarões no molho de muqueca, com arroz de caranguejo. Vou ficar devendo a foto, mas acreditem, é uma delícia.


Casquinha de caranguejo

Frutos do mar (camarão, lula e polvo) grelhados com legumes

Outro restaurante que vale a pena é o do Manary. Escondido dentro do hotel, o lugar é puro romance: mesas em volta da piscina, decoração com velas e o mar como vista. O vento atrapalha um pouquinho, mas nada que tire a graça do lugar. Chegue cedo, para garantir uma boa mesa.

As mesas ao ar livre do Manary. O mar está logo aí na frente.

Bruschetas de queijo de manteiga com banana da terra e geléia de pimenta.

Ceviche de frutos do mar

Por último, desesperada que eu estava por uma comida verdadeiramente regional, resolvemos dar as caras no Mangai, famoso pela culinária típica. Então pegamos o taxi, e conversa vem, conversa vai, até que de repente, quando já estávamos chegando no restaurante, eu resolvo fazer aquela perguntinha básica ao taxista: “e o Mangai, é bom mesmo?”. E a resposta? “Muito bom, tem um buffet enorme!!!”. Pronto. Quem me conhece sabe da minha aversão a restaurante tipo buffet. Mas fazer o que, já estávamos lá. E depois de ter cruzado meia cidade e ter colocado 30 pratas na mão do taxista, era lá que eu ia comer mesmo. Por fim, eu até que gostei da comida, e vejo como uma boa opção. Mas é muito longe de Ponta Negra, e não acho que vale a pena o sacrifício para quem está hospedado por lá.

Mangai: decoração típica

Quer um cafezinho?

Veja os outros posts desta viagem:
- Natal e Fernando de Noronha – Aquecendo as turbinas...
- Natal – Onde se encostar
- Natal – Pura diversão

Natal - Pura diversão

Se há 3 palavras que resumem o que é diversão em Natal, estas palavras são: buggy, buggy e buggy. Ah Carol, mas essa é apenas uma palavra! Eu sei, fiz de propósito, para você se convencer de que não adianta chegar em Natal e ficar passeando pela cidade de taxi (ou carro alugado). Então não tenha dúvidas, veja logo quais são os passeios disponíveis de buggy, e se tiver tempo sobrando, uma sugestão é alugar um carro e conhecer outras praias mais distantes que o passeio de buggy não inclui. Quer descansar um pouco? Fique os dias restantes em Pipa. Ou então, faça que nem eu, e vá para Fernando de Noronha :)

Calma, calma, minha gente. Ainda não chegou a hora de Fernando de Noronha. Antes, preciso lhes contar sobre estes passeios super legais de buggy pelos litorais norte e sul de Natal e seus municípios vizinhos. Cada passeio demora em média umas 6 horas, sendo que você pode negociar com o bugueiro algumas extensões. Se você quiser exclusividade, o buggy sai por R$260,00. No caso de compartilhar o buggy com “outros amiguinhos”, o valor é dividido pela quantidade de pessoas. Ou seja, indo 4 pessoas (número máximo), o passeio sai por 65,00 por pessoa.

Não se preocupe com os passeios antes de viajar. O que não falta em Natal é buggy. E se você for econômico (que nem eu), deixe para fechar tudo quando chegar ao hotel, que eles se encarregam de arranjar “os amiguinhos”, caso seja necessário. Agora, se você for daqueles que não sossegam enquanto não estiver tudo “sob controle”, então ligue para o Geraldo, que foi o nosso capitão no segundo dia, e marque os passeios com ele. Geraldo tem 20 anos de experiência como bugueiro, é um amor de pessoa, adora uma aventura, e tem um gosto musical de poucos. O celular do Geraldo é (84) 9984-8422. Ele trabalha para a Natal Astral, então você também pode encontrá-lo no (84) 3236-4542.

Para saber mais sobre os passeios, acesse os links abaixo:

Natal - litoral Norte
Natal - litoral Sul

Veja os outros posts desta viagem:

- Natal e Fernando de Noronha – Aquecendo as turbinas...
- Natal – Onde se encostar
- Natal – Para os gulosos

Natal - Litoral Norte de buggy

O passeio para o litoral norte começa na lagoa de Genipabu. Lindíssima, mas está lá apenas para ser admirada. Não tente descer a duna para chegar até a lagoa. Isso é crime ambiental e você pode ser preso, além do fato de ser bem possível você não conseguir subir de volta.

A Lagoa de Genipabu

Que tal um passeio de camelo?

Após a visita, prepare-se para as dunas móveis! Se você tem problema cardíaco, avise ao bugueiro e nem tente o passeio “com emoção”. Por quê? Bom, o negócio é pior do que montanha russa gringa, e não há hipertensão que resista a um bugueiro inspirado.


Mas calma, nem tudo se resume a gritos de “esse buggy vai virar!!!”. Entre uma duna e outra, nada como aproveitar as outras formas de se divertir por lá. E porque não relaxar um pouquinho também?

Lagoa de Pitangui

esquibunda

aerobunda

Bugódromo

A caminho de Muriú, o Rio Ceará Mirim e o único meio de atravessa-lo

Depois de toda essa diversão, você vai sentir fome. E é aqui que mora o perigo. Se você tem amor ao seu estômago (ou pelo menos ao seu dinheiro), não deixe o bugueiro te levar para o Naf Naf. Porque ninguém merece comer comida sem graça e cara em um ambiente fechado em frente a uma praia do Nordeste! Deixe claro que não quer comer lá, e procure saber as outras alternativas antes do passeio. Não conseguiu nenhuma dica antes? Tudo bem, qualquer barraca na frente da praia que sirva peixinho frito vai ser infinitamente melhor.

Depois do almoço, a dica é relaxar. Então deixe o bugueiro iniciar a volta, e peça para ele parar em algum lugar que você tenha se apaixonado. A gente se apaixonou por esse aqui embaixo. Não é um paraíso?



Natal - Litoral Sul de buggy

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- Natal – Para os gulosos

Natal - Litoral Sul de buggy

O passeio pelo litoral sul começa com a visita ao maior cajueiro do mundo, em Pirangi. Vale a pena parar para conhecer “a plantinha”. Com 8.500 m2 de copa, o cajueiro visto de cima parece um colchão de folhagem. Lindo e majestoso, não há nada comparável em nenhum outro lugar do planeta.

O cajueiro é tão grande que ele não cabe na foto!

Seguindo em frente, uma pausa para apreciar Barra de Tabatinga e seus moradores simpáticos: os golfinhos.

Vista do mirante de Tabatinga

Mais um pouquinho, e chegamos na Lagoa de Arituba. Para quem é morador do Rio, que nem eu, e está acostumado só com praia (ou com lagoa poluída), as lagoas desta região são uma bela surpresa. Águas transparentes, nada de onda, peixinhos em volta. As crianças brincam despreocupadas. E os pais? Bom, estes só se preocupam com a cervejinha...

Lagoa de Arituba e o sorvetinho Caicó

Eu sei, a lagoa é uma delícia, não dá vontade de sair, mas vamos lá. Ainda tem muito passeio pela frente. Está na hora de atravessar a Lagoa de Guaraíras e seguir para Pipa. É neste momento que podemos abandonar o adjetivo “bonito”, e começar a usar o “espetacular”. Enquanto o buggy atravessa em cima da balsa, compre uma cerveja, abrace alguém especial, e sinta o mundo sorrir para você.

Chegando na balsa... É para aquela faixa de areia lá no outro lado que vamos.

É estacionar, pedir uma cervejinha, e relaxar...

Na minha opinião, o litoral sul consegue ser ainda mais bonito que o norte. As falésias, a terra cor de saibro, o mar azul turquesa... Tudo se mistura em uma harmonia tão perfeita que os olhos custam a acreditar em tanta beleza.


Pipa faz jus a sua fama. A praia é pequenininha, mas é uma gracinha. Os corais seguram a maré lá fora, transformando o lugar numa grande piscina de água cristalina, decorada com pedras espalhadas por toda a extensão. Ao fundo, alguns barquinhos, as falésias, e praias completamente desertas.

Lugarzinho chato para bater uma bolinha... não acham? (rs)

Din-Din Energético - vai um aí?

Dá para ficar a tarde toda em pipa. Aliás, dá para ficar alguns dias inteiros por lá. Mas se você estiver passeando de buggy que nem eu, sugiro ficar um pouco menos em Pipa e extender o passeio até Barra do Cunhaú. Não que Barra do Cunhaú seja mais bonita que Pipa. Mas o caminho de Pipa para Barra do Cunhaú é simplesmente surreal. Por cima das falésias, o buggy vai margeando a queda, e o caminho vira um misto de adrenalina e contemplação: um deleite para os olhos e para a alma.

Para chegar em Barra do Cunhaú, também tem que pegar balsa!

Esta é a vista da balsa, com o bar do Tonho à direita

Partindo de Barra do Cunhaú, direção sul, o lugar vira um paraíso para os surfistas de kite e wind.

Se você gosta de caranguejo, não deixe de ir ao bar do Tonho, na entrada de Barra do Cunhaú. Dentre os lugares que servem o famoso Goiamum (um caranguejo geralmente maior e de cor azulada), este é o bar mais famoso. Nós demos azar, chegamos lá e o Goiamum já tinha acabado. Se isto acontecer contigo também, não desista do bichinho. Vá no restaurante Bela Vista, que realmente tem uma vista linda, e não costuma ter o movimento que o Bar do Tonho tem. Os caranguejos “esperam” vivos, então é só escolher a quantidade e aguardar alguns minutinhos, que logo logo eles chegam quentinhos e deliciosos à mesa.


O dia está terminando, e é hora de voltar. Se der tempo, peça para o bugueiro acertar o momento da travessia da balsa com o momento do pôr do sol. Essa era uma surpresa que Geraldo (o nosso capitão do segundo dia, lembram dele?) ia nos preparar. Ia? Pois é, ficamos comendo caranguejo e o tempo passou rápido demais. Como diz o próprio Geraldo, o sol lá não se põe não, ele desaba.

Você acha que acabou? Bom... é uma pena que eu não tenha fotos do que eu vou lhes contar, porque a bateria da máquina acabou (porque isso sempre acontece???). Estávamos voltando por trás das dunas, em uma escuridão total, apenas os faróis do buggy iluminando aquele mar de areia na nossa frente, quando de repente Geraldo reduz a velocidade e fica apreensivo:

- O que foi Geraldo? – Eu perguntei.
- Tá acontecendo alguma coisa ali.
- O que?
- Acho que tem gente atolada.

Não deu outra. A experiência de Geraldo acertou em cheio. Quando chegamos mais perto, pudemos visualizar a situação trágica. Não era um, dois, nem três carros atolados, mas um monte deles, todos 4x4, todos enormes! Ninguém conseguiu passar. Nem pela praia, nem pela duna. E nós? Bom, nós estávamos no nosso buguinho. E agora? Bom, mesmo depois de assistirmos a uma tentativa frustrada de uma Land Rover, que tentou passar por um caminho mais elevado e inclinado, e por pouco não tombou, Geraldo tomou coragem, tomou distância e pisou fundo no acelerador. Pisou e ficou. Atolamos também. E foi nessa hora que Geraldo, com seus 20 anos de experiência como bugueiro, virou o São Geraldo. Ele pediu ajuda para um dos motoristas atolados, e foi um tal de empurra o pneu pra lá, agora empurra pra cá, agora empurra o buggy pro mar (isso mesmo, para o mar!), e quase dentro da onda, a roda fez tração e lá fomos nós, aos trancos e barrancos, o buggy sambando que nem passista de escola de samba, até que Geraldo conseguiu controlar o carrinho e pudemos respirar aliviados. Ufa! Olhamos para trás, nos entreolhamos, e claro, caímos na gargalhada. É, nosso buguinho foi, e todos aqueles carros super poderosos ficaram. Graças a Deus, e graças a São Geraldo!

Natal - Litoral Norte de buggy

Veja os outros posts desta viagem:
- Natal e Fernando de Noronha – Aquecendo as turbinas...
- Natal – Onde se encostar
- Natal – Para os gulosos

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Que saudade!

Pessoal,
entrei rapidinho aqui para dizer que não desisti desta vida de blogueira não. Não? Não... de jeito nenhum.
Bom, o que ocorreu então? Digamos que 2 viagens de férias e uma mudança de endereço num período de 2 meses me deixaram sem tempo para todas as outras coisas boas da vida, inclusive este blog, que amo fazer.
Mas não se desesperem (rs). Pois depois de tanta viagem e tanta ausência, o que não vai faltar é céu para voar! Não percam... Em breve, notícias de Natal, Fernando de Noronha, Alemanha e Áustria!
Beijos mil